quinta-feira, 15 de março de 2012

Planta brasileira apresenta folhas carnívoras subterrâneas

Projeto de Iniciação Científica realizado por Caio Guilherme Pereira, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e coordenado pelo Professor Rafael Silva Oliveira traz uma nova descoberta: uma planta que apresenta folhas subterrâneas carnívoras.
A planta em questão é a Philcoxia minensis, espécie endêmica do cerrado brasileiro. Aparentemente, é uma planta bastante delicada, com galhos muito finos e que possui floração de cor arroxeada. Mas, subterraneamente, essa planta apresenta minúsculas folhas (entre 0,5mm a 1,5mm de largura) com inúmeras glândulas na superfície, que são responsáveis pela captura e pela digestão de pequenos nematoides.
Planta endêmica do Cerrado
O botânico Peter Fritsch, da California Academy of Sciences (EUA), foi o primeiro pesquisador a levantar a hipótese de que essa planta fosse carnívora; entretanto, faltavam-lhe evidências mais conclusivas. Peter não havia conseguido comprovar que as folhas apresentavam capacidade de digerir as presas, condição necessária para que uma planta seja considerada carnívora.
Para provar essa capacidade de digestão, Caio cultivou colônias de bactérias marcadas com elemento radioativo e ofereceu essas bactérias para os nematoides. Posteriormente, os nematoides foram colocados juntamente com as plantas. Como o elemento radioativo é cumulativo, ou seja, fica acumulado no organismo através da cadeia alimentar, se as plantas apresentassem radioatividade, eles poderiam comprovar que elas eram realmente carnívoras.
Foi exatamente o que os pesquisadores encontraram ao analisar as folhas após o experimento. Além disso, através de análises bioquímicas, os pesquisadores também verificaram a presença de fosfatases, enzimas digestivas na superfície das folhas, comprovando que a Philcoxia minensis é mesmo uma planta carnívora.
Outro fator muito importante dessa pesquisa é que essa estratégia de captura, através de folhas subterrâneas, é única entre as plantas carnívoras e é a primeira vez que se observam nematoides entre as vítimas.
O trabalho original foi publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), com colaboração de pesquisadores americanos e australianos. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).




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